domingo, 26 de agosto de 2012

Capítulo 12

Querido diário,
o ser humano é como uma cobra, que muda de pele, e futuramente muda de novo, e de novo, e de novo. Mas no nosso caso, não mudamos de pele, e sim de pensamentos, idéias.
Há muito tempo, conheci Nick, nos apaixonamos, vivemos uma história de amor... Mas nós tivemos de nos deixar.
Vivi, depois desse acontecimento, em profunda depressão. Não saía, não ia bem na escola, não falava muito com meus pais e meus amigos. Sofria muito por causa da partida de Nick.
Mas alguém apareceu na minha vida e, devagarzinho, fez com que eu saísse dessa escuridão.
Henry Colman.
Eu sei que ele nunca substituirá Nick, mas ele me faz bem. Eu sei que ele gosta de mim.
Nick é uma página muito importante da minha história, que eu quero virar.
Pode até ser que às vezes eu pense nele, que eu fique curiosa em saber como ele está, ou como estaríamos se estivéssemos juntos, pode ser que eu lembre de todos os nossos momentos juntos, me fazendo lembrar de tudo com grande nostalgia, mas a vida continua.
Vou tentar me adaptar a Henry, e mesmo que o meu coração não fique a ponto de sair da boca toda vez que estamos juntos, vou seguir em frente, mas tendo a certeza que vivi um grande amor... Inocente. Porém completo.
É... Amor não se baseia em longos amassos, mensagens de texto fofos (outros provocantes), e sexo, e sim amizade,  companheirismo, e etc.
É... Eu amei.

Verônica fechou o diário, e então olhou para sua janela, suspirando em seguida.
Sua vida passou em sua cabeça, como um filme. Verônica sorriu minimamente.
- Verônica! - A garota ouviu a voz de Farrah chamando-a. - O Henry está aqui! E ele quer falar com você.
- Estou indo! - Respondeu.
Verônica se levantou da cama e foi até o espelho. Penteou os cabelos e mirou-se um momento, mas sem aquela expressão depressiva no rosto. E então saiu do quarto.

Henry estava sentado no sofá, conversando com Ryan. James estava lavando a louça, Farrah estava secando e Lion estava tomando algo que parecia ser um comprimido.
- Estranho o Lion não ter se curado dessa gripe. - Comentou Henry. - Já faz uma semana que ele está assim.
- É verdade! - Disse James. - Já estou cansado de lavar louças. Esse idiota nem ajuda.
- Vocês acham que é fácil pra mim? - Perguntou Lion. - Nem posso tomar sorvete.
- Você só não toma sorvete porque eu sempre estou te lembrando que está gripado. - Disse Farrah.
- E ter de tomar aquela sopa de verduras da Verônica e da Annie está sendo uma tortura. - Informou Lion. - Odeio verduras!
- Verdade! - Disse James. - A sopa da Verônica até vai, mas a da Annie...
- Falando da Annie, onde está ela? - Perguntou Verônica chegando na sala.
- Ela está com as novas amigas. - Informou Ryan.
- As estranhas? - Perguntou James.
- Se a Annie ouvir você falar assim das amigas dela... - Avisou Farrah.
- Vai ver elas são legais. - Disse Henry. - A Annie é legal.
- As garotas punk e gótica ganharam um advogado. - Disse Ryan.
- Não é isso. - Disse Henry. - É que aprendi a não julgar livros pelas capas.
- Viu, meninos? - Farrah se dirigiu aos garotos, e apontou a Henry. - Vocês podiam se espelhar no Henry, e se tornarem homens de verdade.
- E quem disse que não somos "homens de verdade"? - Perguntou Lion com uma voz um pouco rouca.
- Homem é muito mais do que ter algo debaixo das calças. - Disse Farrah.
Henry vendo que ia começar uma discussão, achou melhor chamar Verônica e sair dalí.
- Então... Não precisam fazer almoço para Verônica, está bem? - Informou Henry. - Vamos aproveitar esse sábado e almoçar fora. Voltamos a tardinha.
- Está bem! - Disse Ryan para Verônica e Henry. - Até mais!
Então eles saíram. Verônica puxou Henry, quando estavam na calçada de casa.
- Faltou só uma coisa, Henry!
- E o que foi?
Verônica o beijou.
- Isso! - Disse, sorrindo para o garoto. - Agora podemos ir.
Henry apenas sorriu para a garota e saíram dalí.
No fim da tarde, Verônica e Henry estavam caminhando por uma praça, conversando sobre uma feirinha do colégio que ia começar no próximo mês.
- A galera da cidade gostam demais de feirinhas escolares, - Informou Henry. - porque é um bom lugar para comprar bebida pela metade do preço. Além de o diretor da nossa escola permitir que os alunos façam uma festa no último dia de feira.
- Gostei de ter ficado no stand de artes. - Disse Verônica.
- É bem legal mesmo. O ruim é que fica longe do stand de matemática. - Falou Henry, fazendo biquinho.
Verônica sorriu.
- Mas então, não haverá grandes emoções?
- Basta você querer. - Disse Henry, piscando para a garota.

Os dias se passaram. Henry estava conseguindo arrancar sorrisos de Verônica cada vez mais. A garota não pensou mais em Nick, ou pelo menos não conscientemente.
Verônica era vista pelos primos, por Annie e Farrah um pouco mais sorridente.
Tudo parecia estar melhorando na vida da garota.
O dia da feirinha escolar havia chegado. A escola, que estava muito bem decorada, estava recebendo a visita de muitas pessoas que não eram alunos da instituição.
Verônica, Annie e Farrah estavam caminhando por entre os stands, conversando alegremente.
- Como tem gente aqui! - Comentou Farrah, admirada. - Ainda bem que estudei tudo o que falarei no stand de Ciências Biológicas pra não passar vergonha.
- Pelo menos você não dividirá o stand com Craig, Lorraine e Donnie, os três idiotas da escola. - Disse Annie, passando em seguida um papel a Verônica. - Guarda isso aí com você, na sua bolsa. É o que eu vou falar no stand.
Henry passou pelas garotas ligeiramente e deu um beijinho na bochecha de Verônica.
- Oi, garotas! - Henry cumprimentou Annie e Farrah.
- Oi, Henry! - Cumprimentou-o as duas ao mesmo tempo.
Verônica olhou para a irmã e a amiga. Farrah não se conteve.
- Como estão vocês dois?
- Está tudo bem! - Respondeu Verônica. - Henry foi um garoto maravilhoso que apareceu na minha vida. A cada dia que passa penso menos no Nick. Eu sei que ele tem uma grande importância pra mim, mas... Mas estou quase superando tudo.
- Como assim quase? - Perguntou Farrah.
- Não sei... Eu acho que sempre vou sentir saudade do Nick, mas ele não vai voltar mesmo... Sei lá... Eu acho que sempre vou gostar dele, por causa do amor que vivemos, mas estou empenhada a seguir em frente, não me prender mais ao passado.
- E se ele voltar? - Perguntou Annie.
Verônica ficou um momento sem responder, olhando para a irmã e para a amiga, sem expressão.
- Ele não vai voltar. - Respondeu. - Nunca apareceu esses anos todos... Por que voltaria agora? Estou tão feliz com Henry.
Mas Verônica, depois de muito tempo sem se perguntar o que aconteceria se reencontrasse Nick, pensou um pouco, e a verdade é que não sabia o que de fato faria.
- O Nick não vai voltar! - Falou mais uma vez as garotas.
- E se voltar... Está tudo superado mesmo. - Disse Henry, que havia chegado para junto das garotas. - Não é?
Annie olhou para Farrah.
- Vamos, Farrah! Vamos procurar os garotos e deixá-los namorar.
- Está bem! - Disse Farrah, sorrindo. - Tchau, Verônica! Tchau, Henry!
E saíram.
- Você não tinha ido para seu stand? - Perguntou Verônica.
- Tinha. - Respondeu Henry. - Mas esqueci de dar um beijo na minha namorada. Você viu ela?
Verônica riu.
- Como ela é? - Disse a garota, fingindo seriedade. - Posso te ajudar a procurá-la. Se você quiser, claro!
- Encontrei! - Disse Henry olhando para a garota. - Ela é a garota mais perfeita desse lugar.
Verônica olhou para o garoto, sorrindo.
- Receio não poder encontrá-la. Não sei onde posso encontrar uma garota perfeita.
- Eu sei onde encontrar a garota perfeita pra mim. - Disse o garoto, olhando-a nos olhos. - Ela está parada na minha frente.
Verônica o beijou.
O Nick definitivamente não pode voltar. Eu não saberia o que fazer. Quem escolher. Pensou.
Verônica largou do garoto. Havia lembrado que Annie lhe deu sua fala.
- Henry, desculpa, mas agora tenho de procurar a Annie. - Disse Verônica. - Ela esqueceu o papel da fala dela, aí você já sabe, não é?
- Está bem! Eu te amo. Não esquece isso. - Disse Henry, dando as costas e voltando ao seu stand.
Verônica saiu apressada, abrindo a bolsa, passando por um mar de gente.
E foi aí que tudo aconteceu.
Um garoto, que passou apressadamente por Verônica, esbarrou nela.
- Desculpa! - Disse Verônica. Mas não houve resposta, e ela também não se importou, pois continuava com os olhos na bolsa, a procura do papel de Annie.
Verônica percebeu que uma garota vinha correndo em sua direção e, ao passar por Verônica, parou abruptamente e gritou:
- Nicholas McGroff, volta aqui agora!
Verônica parou no ato o que estava fazendo. Pensou se tinha ouvido aquele nome mesmo. Mas ela sabia que seus ouvidos não a haviam enganado.
Seu coração disparou. Suas mãos suaram. Ela esqueceu o que ia fazer. A bolsa que estava segurando caiu. Havia, naquele momento, perdido noção de tempo e espaço. A simples menção daquele nome vinda da boca de uma estranha fez com que tudo o que havia ao seu redor sumir. Verônica ficou ofegante. Suas vida passou rapidamente como um filme na sua cabeça.

Garoto novo na vizinhança. Ele olhou para minha janela. Nossos olhares se cruzaram. Sonhei com ele a noite toda. Nos tornamos amigos. Nicholas McGroff. Brincamos na floresta. Pensei nele antes de dormir. Sonhei com ele, novamente. Caí na floresta. O senti trêmulo. Ele me beijou. Ele me pediu em namoro. Ele me abraçou. Passamos mais tempo juntos. Risos. Abraços. Felicidade. Roda gigante. Senti sua mão suada de nervosismo sobre a minha. Sonhei com ele. Nick. Ele disse que iria me deixar. Lágrimas. Pesadelo. Ele entrando no carro. Ele me olhando através da minha janela. Eu correndo com toda a minha vontade. Carro dobrando a esquina. Dor. Lágrimas. Depressão. Pesadelos. Vontade de morrer. Lembranças. Lágrimas. Nick. Tristeza. Incapacidade de ser completamente feliz. Nick.

Verônica, mesmo com todos os sentimentos que estava sentindo, decidiu se virar. Tinha de saber se era ou não Nick. O seu Nick.
A garota virou-se, bem devagar, e viu uma garota de costas, um pouco mais a sua frente. Era a garota que havia gritado. E mais a frente viu um garoto, também de costas. 
O garoto, alto, branco, de cabelos negros e trajava uma jaqueta preta, fechou os punhos. E virou-se para olhar a garota que havia lhe gritado.
O coração de Verônica bateu mais violentamente.
Não havia como negar. Aqueles olhos inconfundivelmente azuis eram do garoto que, por culpa do destino, abandonou-a.
Era ele. O garoto que a fez descobrir o sentimento mais lindo possível. O garoto que, por anos, habitou os seus sonhos e pesadelos. O grande amor de Verônica. O garoto que estava parado a sua frente. 
Era Nicholas McGroff.


    

    



  

Tema do episódio: Photograph de "Nickelback".

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